terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Deficientes físicos pedem solução para problemas do transporte público coletivo riopretense

São José do Rio Preto, 16 de junho de 2010

O problema de transporte público em Rio Preto está longe de ser uma responsabilidade exclusiva da atual empresa concessionária do serviço. Aliada as conhecidas deficiências do transporte coletivo urbano, encontra-se também a velha falta de estrutura e de ações concretas por parte da Prefeitura.

Essa semana, por exemplo, a ineficiência de ambas – Prefeitura e Empresa Concessionária – ficou bem explicita. Nossa equipe de reportagem acompanhou três deficientes físicas em seus percursos diários, Márcia Gori, Viviane de Lima Cardozo e Maura Regina Martins e o que foi fácil perceber, foram os variados problemas que além dos transtornos, acabam causando constrangimentos para os vários deficientes usuários do transporte coletivo.

Ações simples, cotidianas e necessárias para nós, são problemas corriqueiros para elas, tarefas que parecem impossíveis, como simplesmente utilizar o banheiro no terminal rodoviário e o elevador de acesso. “O problema do elevador que esta no terminal é que ele esta sempre fechado. O ideal seria que uma pessoa da Prefeitura ficasse lá tomando conta da chave do elevador, orientando e conscientizando as pessoas sobre seu uso, que é exclusivo para pessoas com mobilidade reduzida, idosos e deficientes físicos.” Conta Márcia Gori.

O banheiro estava com a porta encostada, o que facilitou seu uso, mas segundo as usuárias não é sempre que ele é encontrado aberto. Já o elevador de acesso estava trancado e aguardamos em torno de 10 minutos até que um funcionário conseguisse a chave para que elas pudessem usar.

De acordo com Viviane Lima, ela já chegou aguardar mais de 40 minutos para que algum funcionário da empresa abrisse o elevador. Não sabemos se o atendimento dos funcionários foi rápido em virtude de nossa equipe de reportagem estar lá, já que as usuárias alegaram que a demora é rotineira.

Para elas, o ideal seria que houvesse uma campainha para avisar aos funcionários que elas precisam utilizar o elevador, desta forma, não comprometeriam o tempo delas e nem o expediente de trabalho dos funcionários.

Mas as dificuldades não pararam por ai. Elas aumentaram assim que as usuárias se dirigiram ao ponto de partida da linha.

Primeiro porque há determinados horários em que o fluxo de usuários no Terminal Rodoviário é grande, o que prejudica a locomoção dos deficientes de uma linha para outra. Mas há também os outros usuários que não respeitam os portadores de necessidades especiais, e que além de não colaborarem, ofendem os usuários deficientes.

Uma das deficientes físicas optou por utilizar a linha que faz o percurso do bairro Cristo Rei e a equipe do Líder Notícias a acompanhou por todo o longo trajeto, que mesmo antes de começar, apresentou sérios problemas.

Ás 6 da tarde e um minuto paramos na fila para aguardar o ônibus adaptado para deficientes físicos, que estava com o horário de saída previsto para as 6 da tarde e 7 minutos, segundo a tabela de linhas, horários e itinerários da Circular. Com sua chegada tivemos o primeiro imprevisto.

O ônibus não possuía o elevador adaptado para embarcar cadeiras de rodas. Prosseguimos no ponto de partida da linha por mais de meia hora e para nossa surpresa um ônibus adaptado apareceu ás seis da tarde e 42 minutos. Mas o que mais intrigou nossa equipe não foi apenas a demora de quase uma hora, mas com os horários errados que a empresa de ônibus divulga em seu site e no próprio terminal rodoviário.

Segundo consta na lista, o último ônibus adaptado da linha Cristo Rei é as 6 e 8 da tarde. Mas o veículo não apareceu no ponto, apenas 40 minutos depois um ônibus adaptado estava disponível.

Para entrar no ônibus os deficientes físicos contam com o auxilio dos motoristas, que recebem treinamento da empresa para atenderem e manusearem o elevador de acesso. Cabe a eles colocarem os deficientes para dentro e prende-los no cinto de segurança que há disponível nos ônibus com adaptadores.

Mas segundo as usuárias, isto nem sempre acontece de maneira correta. Alguns motoristas não sabem utilizar o elevador e compete aos deficientes físicos ensinarem o modo correto de uso, uma minoria os trata com desrespeito e outros muitas vezes esquecem de prende-los no cinto de segurança, o que pode resultar em graves acidentes.

Uma série de problemas com o transporte público coletivo atrapalha o dia-a-dia do deficiente físico riopretense. Detalhes que são relevados diariamente por seus maiores prejudicados, que raramente são ouvidos por alguém que poderia dar um novo rumo a essa história.

Talvez se um dos administradores tanto da prefeitura como da atual Concessionária utilizasse ou tivesse um familiar próximo que necessitasse usar das adaptações especiais do transporte público da cidade e do terminal rodoviário os problemas já teriam sido resolvidos ou pelo menos estariam em processo de melhoria.

É importante ressaltar que tanto a empresa concessionária, como a EMURB foram procuradas ontem pela nossa reportagem, para que pudessem explicar ou até mesmo falar das possíveis soluções dos atuais problemas que o usuário deficiente físico enfrenta diariamente, mas nenhuma das duas entidades, até o fim desta edição, entraram em contato com a redação do Líder Notícias.

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